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Liberdade
Jamais abdiquem de vossa liberdade de ação em troca de uma promessa de que outrem agirá por vós.
Nos escassos monumentos do mundo moderno que verdadeiramente me despertam admiração, destaco a Estátua da Liberdade como uma dessas grandiosas obras que, à primeira vista, impõem-se ao olhar. No entanto, confesso que, em meu primeiro encontro com ela, percebi-lhe uma certa ausência de encanto. Um gesto magnânimo da França, ofertado em celebração ao término da Guerra Revolucionária americana, é inegavelmente uma construção monumental para a sua época. Todavia, é preciso reconhecer que poucos presentes poderiam ser tão adequados aos Estados Unidos.
Assim como a própria liberdade, a estátua erguida em Nova York revela-se desprovida de grande atrativo, quase ingênua e distante, às vezes suplantada por outras distrações. Durante minha breve estada em Nova York, apenas contemplei a estátua pelo ferry gratuito, registrei algumas imagens e logo me vi atraído pelas luzes cintilantes da Times Square. Concedi, efetivamente, preferência a uma sedução efêmera em detrimento da liberdade simbolizada. Todavia, é intrigante como, em certos momentos, somos propensos a trocar nossa própria liberdade por ilusões que, à primeira vista, parecem grandiosas.
Durante o desastre no Rio Grande do Sul, ressaltou-se de modo inequívoco a imprescindível necessidade da liberdade na esfera virtual. No fatídico dia 30 de abril, quando o infortúnio desdobrou-se, indivíduos no epicentro da tragédia começaram a relatar os eventos em tempo real e a clamar por auxílio por meio da internet. Doações foram angariadas, vidas foram resgatadas e, subsequentemente, assistidas e amparadas por aqueles que gozavam da liberdade de disseminar informações e agir conforme a urgência exigia. Enquanto isso, a grande mídia ocupava-se com outras prioridades, e o Estado, mantendo sua inércia costumeira, prosseguia sendo o Estado – imponente, burocrático, frequentemente destituído de eficácia nas múltiplas tarefas que se propõe a desempenhar.
Quantas existências foram preservadas e reconfortadas devido à propagação pelas redes sociais? Quantos seres libertos se prontificaram a doar, a oferecer apoio psicológico sem ônus através da rede, ou até mesmo excêntricos magnatas disponibilizaram helicópteros, embarcações e outros recursos que concorreram para atenuar a adversidade?
Refletindo sobre a estátua da liberdade, reconheço que deveria ter dedicado mais tempo a ela, meditando sobre seu simbolismo, mesmo que aparentasse ser modesta, eclipsada pelas seduções imponentes de Nova York. A liberdade merece ser venerada, preservada e contemplada, mesmo quando outras grandezas projetam sombras sobre ela. Hoje, essa sombra se materializa nas propostas de regulamentação da internet, uma tentativa de protegê-la de si mesma e de conferir ainda mais poder àqueles que já detêm o poder de prejudicar a existência dos indivíduos.
Os excessos permeiam inevitavelmente nossa trajetória e exigem de nós uma vigilância constante. Recordamo-nos da ocasião em que o repórter Martin Bashir, em busca de uma entrevista que desencadeou o desfecho de um relacionamento já fadigado entre a princesa Diana e o então príncipe Charles, mentiu sobre uma suposta infidelidade deste último. Ou ainda, evocamos o momento em que nossa ministra e ex-candidata, que diante da atual tragédia, evidenciou sua hesitação, na última campanha eleitoral, proclamou em rede nacional que o "orçamento secreto" configurava crime, uma afirmação que logo se revelou obsoleta, para não dizer difamatória.
A verdade é que o monopólio da informação chegou ao crepúsculo; agora, está sob o domínio das pessoas, seja para a veracidade ou para a falsidade, para o socorro ou para o entrave.
No entanto, mantenho uma convicção inabalável de que há mais virtuosos do que perversos neste mundo, e que a verdade e a solidariedade sempre triunfarão, como tem sido evidenciado pelo povo emancipado que, com sua autenticidade, tem prestado auxílio e continua a fazê-lo cada vez mais. Por conseguinte, é imperativo venerar, preservar e permanecer em proximidade com a liberdade, sobretudo a liberdade na esfera virtual. Imaginem apenas se os iluminados fossem os únicos habilitados a disseminar informações durante essa adversidade? Será que, também eles, estariam absorvidos por outras prioridades, assim como a grande mídia?
Jamais abdiquem de vossa liberdade de ação em troca de uma promessa de que outrem agirá por vós. É imprescindível recordar que não há dinheiro público; existe apenas o dinheiro daqueles que suportaram os encargos tributários, e o Estado não outorga nada, ele é apenas um interlocutor incumbido de fomentar a prosperidade e o bem-estar (outro erro nosso).
No que concerne à prática da liberdade, persisto em recomendar ao governo, que aparenta vacilar em suas ações, e a todos os cidadãos livres que efetuem suas contribuições por meio do Pix abaixo.
pix: [email protected]
E acompanhe a prestação de contas no Instagram @thomasgiulliano
Quanto à liberdade, assumo o compromisso de permanecer em sua proximidade e contemplá-la incessantemente.