- Cartas de Achados
- Posts
- O Sul é o meu País
O Sul é o meu País
Nunca a sociedade privada organizada pode fazer tanto. É sobre isso!
Nobre e ilustres catedráticos, eis que esta semana se tornou imperativa a discussão acerca do Sul do Brasil. Nossas agruras, desinteresse e descaso, que são de natureza nacional, revelaram mais uma de suas facetas com o desastre no Rio Grande do Sul.
Nos idos de 2010, vivi em Buenos Aires, onde tive uma professora espanhola chamada Dora. Magra, austera, por vezes incômoda, mas sempre perspicaz em seus comentários. Ela zombava de mim por ser o único brasileiro da turma, e é claro que suas intervenções sempre culminavam (por minha culpa) em humor ou festividade. No entanto, uma frase por ela proferida ecoa em minha memória até os dias atuais.
“No Brasil, só existe um problema: a chuva, e nunca conseguem resolver isso.”
Bem, ela está certa, só não sabia que o problema é ainda mais profundo. Já ouvimos muitas críticas ao atual governo pela sua comunicação vexatória, mas falhamos ao tentar atribuir ao governo uma responsabilidade que claramente não possui.
Sustento que uma sociedade moderna e bem-sucedida é construída pela iniciativa privada organizada. Sim, são as pessoas que, após pagar seus impostos, reservam uma parte do que lhes resta e a investem em infraestrutura e educação regional. Investem nas pessoas que compõem sua comunidade para que a prosperidade alcance aqueles que realmente necessitam de maneira concreta.
Não é nos apartamentos luxuosos nos jardins de São Paulo, nos modernos escritórios da Faria Lima ou nos palácios de arquitetura duvidosa de Brasília que as mudanças acontecerão. Somos nós, pessoas com CPFs e CNPJs, que direcionamos nosso dinheiro para aqueles que mais precisam. São pessoas que saem de suas casas, cheias de boa vontade, força e empatia, para ajudar onde for necessário.
Conferir ao governo tal responsabilidade é conferir poder àqueles que, além de não possuírem qualificação para tal, podem se tornar uma máquina poderosa na geração de desastres sociais, humanos e educacionais, desestabilizando verdadeiramente uma sociedade saudável. E a célebre analogia de "deixar um macaco solto numa loja de cristais".
Toda sociedade que prospera é moldada dessa maneira.
Eu, criado em Minas Gerais, sempre ouvia falar de um povo do Sul, que vivia em seu próprio canto, mas que, na realidade, sempre se encarregou das próprias demandas, para o bem de sua comunidade. Seus ideais e princípios sempre ecoaram por todo o Brasil, seja por meio de presidentes ou de generais do exército. Basta observar em nossa história a quantidade de influência proveniente do Sul.
Nunca antes o lema "o sul é meu país" se mostrou tão verídico. Neste momento, o Sul é nossa nação, clamando mais do que nunca pela solidariedade da sociedade privada organizada, seja doando um real, um milhão de reais, tempo ou uma simples prece.
Eu reconheço e endosso o trabalho do professor Thomas Giulliano, que em poucos dias conseguiu arrecadar mais de um milhão de reais e está distribuindo diretamente para aqueles que mais necessitam. Fornecendo itens básicos como roupas secas, toalhas, cobertores, alimentos, remédios, baterias para energia e tudo mais o que for necessário e possível.
Contribuam com o que estiver ao alcance de cada um, utilizando o Pix: [email protected]
Sigam-no em sua conta no Instagram @thomasgiulliano para acompanhar a prestação de contas e descobrir como podem ajudar.
É isso, estamos vivendo um triste momento histórico, e cabe a cada um de nós compreender como seremos lembrados e qual foi nossa contribuição neste momento difícil e sombrio de nossa história.